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domingo, 26 de abril de 2015

Poesia da Semana #07

 

Motivo
Cecília Meireles
 
http://itskingofdisasterbitch.tumblr.com/



Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.






 

sábado, 25 de abril de 2015

TBR da Maratona Literária 24 Horas x2





  

 
  Finalmente parei para fazer meu TBR, e eu sorteei alguns livros para ler/reler/finalizar leitura empacada. Obviamente, vou continuar as leituras que já estavam encaminhadas, mas como provavelmente não vou conseguir termina-los por serem grandes ou terem pouca prioridade, vou começar algumas outras leituras. Dessa humilde TBR caixinha bonitinha tirei três livros que eu começarei a ler em ordem de retirada. Mas, não obrigatoriamente vou ler todos eles por completo, mas tentar finalizar ao menos um.
  Mas antes de mostrar quais foram os sorteados, vou fazer a listinha dos que já estou lendo e minhas respectivas metas para eles:
 
  - O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote da Macha Volume II (7 Capítulos)
  - A Tormenta das Espadas (4 Capítulos)
  - A Bíblia Sagrada (21 Capítulos)
  - O Príncipe (Finalizar leitura)
 
  E agora, finalmente, os sorteados:

A Moreninha

Espumas Flutuantes
 

Washington Square




  Então, não fiz planos extraordinários para essa maratona, mas é algo razoável. Estou bem animada e hiperativa e espero que eu continue assim para conseguir ser produtiva. Assim que eu concluir, faço uma análise rápida dos livros que li e da maratona em si por aqui. Para acompanhar mais de perto esse desengonçado processo, é só me seguir no Twitter e interagir.

Resenha do Filme Cinderella



How gorgeous is that grey dappled horse?!

  O live action não acrescenta nada novo à história, mas possui cenografia e figurinos digníssimos. É um prato cheio para escritores na questão da descrição das cenas.
  Uma análise rápida das personagens e seus respectivos atores. A Cinderella é uma fofa e me convenceu bastante, inclusive me fez gostar mais da personagem no filme do que na própria animação na qual é baseada. Também foi muito agradável ver Richard Madden em um universo diferente (Ainda assim houve uma semelhança breve mas preocupante entre a história do filme com GOT : novamente casando com a moça, a qual não fora prometido). Os ratinhos dão o toque do mascote característico dos filmes da Disney. A fada madrinha é impulsiva, desastrada e afetiva, e é interpretada por ninguém menos que Helena Bonham Carter. As irmãs são cômicas e a madrasta uma vilã e tanto, sem a aparência de "puramente má" que os desenhos costumam dar a esse tipo de personagem, mas com um ar humano que transpareceu claramente em algumas cenas, principalmente na expressividade no olhar da atriz.
  Algumas cenas que merecem mais atenção são as da relação de Ella com seu pai, a cena em que o príncipe conversa com o rei enquanto esse último está no leito, as transformações mágicas, que são engraçadinhas e cheias de brilho, e a cena do príncipe com a princesa para quem é prometido, que possui certo duplo sentido.
  Apesar de tudo, não consegui evitar uma certa comparação com o filme de Alice no País das Maravilhas: a mocinha muito branca e loira de vestido azul, uma doida interpretada por Helena, as irmãs que brigam o tempo todo. Mas é só uma questão de visual/clima mesmo, pois é claro para todos que o enredo é muito distinto. Talvez seja apenas neurose minha mesmo.
  Enfim, o filme é bastante agradável e bom para se ver em uma tarde qualquer. No geral, o que mais acrescenta nele é justamente o que me incomoda em boa parte dos filmes: a moral da história. Essa é simples e doce: "Be brave, and be kind".

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Maratona Literária 24 Horas (2x)



  O feriado passou e a sensação que tenho é que não li nadinha. Para compensar isso, assim que entrei no Youtube, vi o vídeo do Geek Freak, que juntamente com o Vitor Martins. A maratona consiste em passar o máximo de tempo possível lendo em 24 horas. Ano passado, o Victor do Geek Freak havia feito, mas quando eu vi a tag, a maratona já estava acabando. Este ano vai funcionar um pouco diferente, estando os aderentes da maratona divididos no Team Robo (Geek Freak), que farão a maratona no dia 26 de abril, e no Team Unicórnio (Vitor Almeida), que farão no dia 25. Você também tem a opção de fazer os dois dias(não recomendo), mas mesmo assim deve escolher um time.
  Não se esqueça de ver os vídeos para pegar as instruções de cadastro para poder participar dos sorteios, e também siga as devidas redes sociais para aproveitar da melhor forma. Sorteie seus livros, escolha seu time, faça seu café e divirta-se!

  Vem para o #TeamRobo !



Vídeo do Geek Freak: https://www.youtube.com/watch?v=1N0-CkmB0EA
Vídeo do Vitor Martins: https://www.youtube.com/watch?v=tqORNBAmX_c&feature=youtu.be

domingo, 19 de abril de 2015

Poesia da Semana #06

Canção do Vento e da Minha Vida
Manuel Bandeira


 
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.


BANDEIRA, Manuel. Poesiaa completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguiar. 1967.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Prometa, Rosalia


 
 
  -Prometa, Rosalia. – ele insistiu.

  - Prometo, Enrico. – ela colocou as mãos para trás do corpo e cruzou os dedos.

  - Mas com que moça extravagante eu fui me casar. – o jovem patriarca beijou a moça enquanto entrelaçava seus dedos fortes no cabelo escuro da moça.

  Ele se casara com uma cantora de ópera e continuaria casado com uma. Ela não iria deixar de cantar porque se casara. Nem ao menos cogitara a possibilidade. Admirava muito seu marido, mas a música era muito mais parte de si.
  Por isso, sem hesitar mentira em sua promessa de não ir à óperas nunca mais. Não apenas iria, como ela mesma subiria ao palco e daria o melhor de si.

  - Querido, espere-me no quarto. Em breve estarei lá, mas antes preciso organizar as últimas coisas da casa para que pela manhã tudo esteja nas mais perfeitas condições.

  - Mostra-se uma excelente esposa, minha Rosalia. Estarei lhe esperando. – acariciou o rosto dela com afeto e foi para o quarto.

  Primeiramente, a moça fingiu limpar algumas coisas e depois conferiu se ele havia adormecido. Ao constatar que sim, dirigiu-se à porta dos fundos, colocou sua capa e correu para o teatro. La Traviata tinha que acontecer e não poderia acontecer sem ela.

  A jovem italiana foi recepcionada com muita euforia em seu camarim, e a arrumaram rapidamente. Estava belíssima e por um momento desejou que seu marido pudesse vê-la assim. Balançou sua cabeça para afastar o pensamento e focou-se em aquecer sua linda voz de soprano. Por fim, subiu ao palco.

  Como sempre, perdera a noção de tempo, espaço. Perdera a noção de si. Despertou apenas ao ouvir os aplausos finais que eram tão intensos que faziam seu corpo vibrar. As cenas e canções que havia interpretado passaram-lhe pela mente e ela sorriu amplamente, muito satisfeita. Os homens da plateia suspiravam com sua beleza e talento, as mulheres almejavam ser como Rosalia. Mas seu olhar perdeu-se apenas no senhor de belos olhos que aplaudia com o olhar rendido a ela. Seu esposo lhe prestigiara.

  Ela o enganara, e ele mais ainda. A vida deles era uma ópera, afinal.

TAG Eu Leitora


(1) transparents | Tumblr







Vi essa tag no canal da Lu Ferraz e, se não me engano, o original é do blog Força Na Peruca Loira.


1- Entre post e vídeos, qual você prefere?

Depende muito do assunto que está sendo abordado e da minha disposição. Tem dias que me parece mais favorável ler, e outros em que eu simplesmente prefiro ver os vídeos.



2- Aproximadamente quantos vídeos você costuma assistir por semana?

Atualmente assisto cerca de vinte e dois videos ou mais por semana. Mas conforme a rotina vá se ajustando, esse número tende a cair.



3- O que te chama atenção a ponto de clicar para assistir a um vídeo?

Além do tema que me interesse, a pessoa que faz o vídeo também influencia muito. Quando eu gosto de um youtuber, é muito mais fácil que eu clique para ver o vídeo, mesmo quando o título do mesmo não me chama tanto a atenção.



4- O que mais te incomoda em um blog?

Layout confuso. Eu entendo que layout é difícil demais (ao menos para mim e para boa parte das pessoas), mas acho que é preferível deixar com um dos layouts básicos do blogger do que tentar se arriscar com um que deixe a cabeça do seu leitor girando de tão cheio de coisas ou mal organizado. Muitas publicidades piscando e, principalmente, abrindo sozinhas também me incomodam muito.



5- O que faz você não assistir um vídeo até o final?

Quando o vídeo desvia do assunto inicial, quando o youtuber não consegue prender minha atenção, ou quando estou muito entediada.



6- Você prefere vídeos curtos ou longos?
  Médios. Mas isso também depende da proposta o vídeo, pois há temas que pedem um vídeo mais longo e outros mais curtos.



7- Você tem o hábito de avaliar um vídeo e comentar, ou geralmente esquece?

Geralmente esqueço. Só lembro de dar like quando o vídeo é muito bom mesmo, de me deixar arrebatada; e comento quando o youtuber pede alguma opinião etc.



8- Qual rede social (além do youtube) você mais usa para ficar por dentro das novidades?

Twitter. As pessoas de lá são tão informadas que dá para você saber tudo sobre um evento sem nem ao menos assisti-lo.



9- Você gosta de conhecer blogueiras/blogueiros novos ou prefere os antigos?

Tem sempre aquela galera mais "old class", mas gosto de conhecer os blogueiros novos.



10- Se você pudesse dar uma dica para os blogueiros em geral, qual seria?

Tenho blogs já faz tempo, mas nunca fui experiente. Mas basicamente, ter um amigo que entenda de layout e html é sempre muito bom. Conhecer novos blogs e comentar as publicações que te agradam também é algo bem positivo.



11- Sinta-se à vontade para taguear quem você quiser!

Como sempre, sintam-se à vontade para fazer a TAG. :)

domingo, 12 de abril de 2015

Poesia da Semana #05



Vida Obscura
Cruz e Souza
 
 
Sleep my sweet | via Tumblr
 
 
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste num silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém Te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

As Memórias de Sherlock Holmes



  Esse foi, felizmente, o primeiro livro que eu li em 2015, e seguirá o mesmo esquema das últimas vezes que falei dos livros de Sherlock Holmes: um pequeno resumo dos contos. Demorei bastante para escrever sobre, mas está aqui afinal. Quando bati o olho nessa edição da Companhia Editora Nacional com o Sherlock e o John da série da BBC (Benedict Cumberbatch e Martin Freeman respectivamente) e ainda com o marca página, eu não consegui me segurar e comprei sim! Tem uma introdução bem legal do roteirista da série, Steve Thompson, e algumas ilustrações relativas no início e no final do livro. Recomendo muito essa edição linda, e pretendo ter também os dois outros livros da coleção por mais que eu já tenha lido (Um Estudo em Vermelho e As Aventuras de Sherlock Holmes). Aliás, tenho que reler boa parte dos livros de Sherlock Holmes, pois confesso que detalhes já me fogem à memória.


1- Silver Blaze

  Quando um cavalo de corrida favorito em uma competição desaparece e seu treinador é encontrado morto, Sherlock Holmes e seu caro amigo Watson partem para Dartmoor intentando desvendar o caso de Silver Blaze.


2- O Rosto Amarelo

  É um dos casos onde Holmes, excepcionalmente, erra na conclusão, mas acaba por ter-lhe a verdade revelada ao fim. O mistério se trata de um homem que se muda com sua esposa e fica intrigado com a casa do lado, tendo visto inclusive um rosto que lhe parecia terrível e amarelo em uma das janelas. Para intensificar ainda mais a situação, o homem ainda vê sua mulher entrar na casa e fica insano de preocupação e falta de compreensão. Este é um dos meus casos favoritos, pois a conclusão muito me agrada. Entretanto, não direi exatamente o porquê, pois, obviamente, seria entregar a resolução da história.


3- O Corretor de Ações

O conto começa quando Holmes busca Watson em seu consultório para que pudesse se juntar a ele em uma nova investigação. Em resumo, o sr. Hall Pycroft se candidata a um emprego na empresa mais rica de Londres e consegue a vaga, entretanto um desconhecido agente financeiro aparece e lhe oferece um outro emprego no qual ganharia uma quantia ainda maior. Ele começa a trabalhar nessa empresa, mas tudo lhe parecia muito misterioso e então passou a desconfiar de fraude. E então, para sanar suas dúvidas, este senhor procura o famoso detetive londrino.


4- O Gloria Scott

  Trata-se do primeiro caso de Holmes. Ele encontra uma velha mensagem enigmática enquanto revirava suas gavetas e começa a relembrar seus primeiros dias como detetive. Tal mensagem fora recebida pelo pai de um amigo que tivera na faculdade e o deixou extremamente abatido. Então, Sherlock e seu amigo Victor começam a tentar desvendar o mistério que ronda o pai do segundo e a compreender o tal bilhete.


5- O Ritual do Musgrave

  A família Musgrave possuía um antigo ritual, o qual todos os homens que atingissem a maioridade deveria realizar. Aparentemente, isto não era nada demais, porém um dos componentes da família começa a desconfiar dele a partir do momento que um funcionário começa a buscar informações e xeretar os documentos dos Musgrave. O homem é demitido e desaparece, o que deixa o Musgrave ainda mais intrigado, que logo busca a ajuda do detetive.


6- Os Proprietários de Reigate

  Sherlock não anda muito bem de saúde, e John resolve levá-lo para uma mudança de ares na casa de um amigo parecia uma boa ideia. Mas o irrequieto detetive logo encontra um novo caso para si quando casas da redondeza começam a ser arrombadas e invadidas.


7- O Homem Torto

  Um casal de meia idade têm uma discussão quando trancados em um cômodo de sua casa. Surpreendentemente, há gritos de terror vindo do casal logo em seguida, e os criados arrombam a porta a fim de socorrê-los caso algo grave tenha acontecido. Porém, quando chegam ao local já é tarde e o homem está morto e a mulher desmaiada. Sherlock Holmes é o responsável por desvendar não apenas o assassino mas também como ele entrara no cômodo trancado e também algumas outras peculiares evidências.


8- O Paciente Residente

  Um médico se vê confundido  quando um paciente com constantes ataques de catalepsia o procura e logo em seguida desaparece de seu consultório. Depois de encontrá-lo novamente, como se não bastasse a desconfortável situação anterior, novo momento incomum acontece, quando o paciente alega que alguém entrara em seu quarto. Resta para o eficiente detetive desembaralhar os acontecimentos dessa história.


9-  O Intérprete Grego

  Um intérprete grego é praticamente sequestrado para que pudesse oferecer seus serviços de tradução para clientes muito suspeitos, que mantinham um outro grego como refém. Encabulado com a situação, assim que se vê livre, procura o auxílio de Holmes.


10- O Tratado Naval

  Um antigo amigo de Watson lhe envia uma carta pedindo a ajuda dele e de Sherlock para solucionar um grande problema seu, que tivera furtado um documento de extrema importância para o Ministério do Exterior.


11- O Problema Final

  Esse, sem dúvida nenhuma, é um dos casos de maior importância entre os contos do detetive. Tentar resumir essa história seria provavelmente um enorme spoiler, porém, se você já viu os filmes, séries ou ao menos já ouviu falar com um pouco mais de profundidade sobre o detetive de Arthur Conan Doyle, garanto que você sabe do acontecimento. Prosseguindo. Watson e seu amigo partem em uma missão que intenta, enfim, capturar o professor Moriarty, conseguindo incriminar a ele e seus subordinados. Todavia, eles estão lidando com um indivíduo de enorme inteligência e não é assim tão simples. Sherlock Holmes, então, se sacrifica pelo bem comum e morre lutando junto com Moriarty. A cena em si, não é narrada por Watson, que não estava lá quando o acontecimento se deu. Porém, o médico deduz os fatos, seguindo o exemplo de seu amigo. E ainda mais comovente que isso é a incrível carta que Holmes deixa para seu companheiro. Futuramente, pretendo falar um pouco mais sobre minhas concepções sobre esta carta. De qualquer forma, Conan Doyle pretendia encerrar as aventuras do detetive mais querido do mundo neste conto, ainda que o mundo não o tenha permitido fazê-lo. Mas digo que se tivesse que acabar ali, estaria bem feito, porque, em dúvidas nenhuma, é um desfecho maravilhoso.

domingo, 5 de abril de 2015

Poesia da Semana #04


 


Mesmo esquema da semana em que posto um texto em prosa e chamo de poesia. Poesia é tudo que me toca o coração.

O Exercício da Crônica
(Vinícius de Moraes)

Truth.

Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.

Alguns fazem-no de maneira simples e direta, sem caprichar demais no estilo, mas enfeitando-o aqui e ali desses pequenos achados que são a sua marca registrada e constituem um tópico infalível nas conversas do alheio naquela noite. Outros, de modo lento e elaborado, que o leitor deixa para mais tarde como um convite ao sono: a estes se lê como quem mastiga com prazer grandes bolas de chicletes. Outros, ainda, e constituem a maioria, "tacam peito" na máquina e cumprem o dever cotidiano da crônica com uma espécie de desespero, numa atitude ou-vai-ou-racha. Há os eufóricos, cuja prosa procura sempre infundir vida e alegria em seus leitores e há os tristes, que escrevem com o fito exclusivo de desanimar o gentio não só quanto à vida, como quanto à condição humana e às razões de viver. Há também os modestos, que ocultam cuidadosamente a própria personalidade atrás do que dizem e, em contrapartida, os vaidosos, que castigam no pronome na primeira pessoa e colocam-se geralmente como a personagem principal de todas as situações. Como se diz que é preciso um pouco de tudo para fazer um mundo, todos estes "marginais da imprensa", por assim dizer, têm o seu papel a cumprir. Uns afagam vaidades, outros, as espicaçam; este é lido por puro deleite, aquele por puro vício. Mas uma coisa é certa: o público não dispensa a crônica, e o cronista afirma-se cada vez mais como o cafezinho quente seguido de um bom cigarro, que tanto prazer dão depois que se come.

Coloque-se porém o leitor, o ingrato leitor, no papel do cronista. Dias há em que, positivamente, a crônica "não baixa". O cronista levanta-se, senta-se, lava as mãos, levanta-se de novo, chega à janela, dá uma telefonada a um amigo, põe um disco na vitrola, relê crônicas passadas em busca de inspiração - e nada. Ele sabe que o tempo está correndo, que a sua página tem uma hora certa para fechar, que os linotipistas o estão esperando com impaciência, que o diretor do jornal está provavelmente coçando a cabeça e dizendo a seus auxiliares: "É... não há nada a fazer com Fulano..." Aí então é que, se ele é cronista mesmo, ele se pega pela gola e diz: "Vamos, escreve, ó mascarado! Escreve uma crônica sobre esta cadeira que está aí em tua frente! E que ela seja bem-feita e divirta os leitores!" E o negócio sai de qualquer maneira.

O ideal para um cronista é ter sempre uma os duas crônicas adiantadas. Mas eu conheço muito poucos que o façam. Alguns tentam, quando começam, no afã de dar uma boa impressão ao diretor e ao secretário do jornal. Mas se ele é um verdadeiro cronista, um cronista que se preza, ao fim de duas semanas estará gastando a metade do seu ordenado em mandar sua crônica de táxi - e a verdade é que, em sua inocente maldade, tem um certo prazer em imaginar o suspiro de alívio e a correria que ela causa, quando, tal uma filha desaparecida, chega de volta à casa paterna.
 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Indicação #04 Mãe de Aluguel




  Nessa interativa escrita pela Ju e disponível no FFOBS, você é uma operária que não tem as melhores condições financeiras do mundo, mas que tem a companhia de um pequeno cachorrinho. Até que, é claro, as coisas mudam de repente. Seu chefe precisa fingir que tem uma futura noiva para que possa ser deixado em paz pela sua família e para que seu pensamento fuja um pouco de sua finada esposa. Você precisa de dinheiro e quer parar de pensar na vida que deixou para trás. Então, o contrato é fechado e você ainda convive com Heaven, a linda filha de seu chefe. Não havia nada a perder, e não parecia tão ruim assim, até os segredos daquela família começarem a te rondar e os seus próprios problemas voltarem a vir a tona.
  A história é super bem escrita, e se não me engano não é finalizada ainda. É dividida em duas partes para facilitar a leitura e é +18. Contém incesto, portanto se você se incomoda com esse fato presente na história, não a indico para você.
  É uma das fics mais recomendadas do site e com razão. Portanto, se você ainda não a leu e tem um tempinho extra, leia Mãe de Aluguel.

OBS: Sei que não faço indicação de fics há mais de um mês, mas é porque me enrolei devido ao último challenge do FFOBS + o desafio do Ficwriters Facts que eu estava postando por aqui. Por isso, ficou um pouco complicado de ler fics para indicá-las. Mas se tudo der certo, nos próximos meses teremos mais indicações. :)

Fevereiro e Março de 2015

TRAVEL



  E quem achou que eu tinha esquecido completamente minhas postagens mensais e habituais estava muito enganado. Como a vida anda muito corrida, provavelmente vou ter que postar dois ou três meses juntos, mas um dia elas vão aparecer. :)

- COMEERJ

  Evento de confraternização das mocidades espíritas do Rio de Janeiro que ocorre durante o carnaval. Algumas religiões também fazem retiros parecidos e acho todas as iniciativas muito válidas, pois o clima de amor é quase inacreditável.
  Passei os quatro dias do feriado lá (fora minha sexta vez) e como sempre me emocionei, aprendi e vivenciei todo o amor e a paz que esse evento pode proporcionar.
  Se você é espírita e frequenta a mocidade com frequência há mais de um ano, procure saber sobre, pois a experiência chega perto do inexplicável. ;)


- Redação da Semana

  Em ano de vestibular, nada como praticar uma redação por semana. Procure temas atuais e até inusitados. Depois, busque dicas e correção de um professor.


- Meditação todo dia

  Com essa rotina apertada e estressante, não sei como conseguiria me manter de pé e positiva sem minha meditação. Vejo os resultados, físicos, psicológicos e espirituais e quase nem acredito que comecei a meditar a menos de um ano.


- Journal

  É como se fosse um diário, porém você não precisa narrar sua vida nos mínimos detalhes. É como um scrapbook, mas você não precisa colar até o papel das suas balas. É um caderno pessoal no qual você conta e escreve o que sente que precisa escrever. Comecei por incentivo da Tary Zottino às suas leituras, e também indico que procurem saber mais. É um método muito eficiente para relaxar, organizar as ideias e se conhecer melhor.

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