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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Sobre o Cry Baby


 
  Finalmente, o primeiro álbum de Melanie Martinez foi oficialmente lançado! Em uma entrevista, ela conta Track By Track a história da persona Cry Baby, a qual nós, também fãs da Marinão, chamamos de filha da Electra. Uma análise mais cuidadosa dessa entrevista garantirá uma experiência mais rica com o álbum, que a propósito, está incrível.
  A cantora indie se utilizou de sons relativos ao mundo infantil - como bolhas de sabão, bonecas, caixas de música, etc. - para dar um ar característico para cada canção. O CD está todo organizado cronologicamente e a versão deluxe conta com três faixas extras.
  Agora, vamos aos comentários e trechos favoritos de cada música.
 
 
 
Cry Baby
  A música que deu nome ao álbum mostra o quão sentimental a persona é e quanto isso influencia em sua vida.

  "You told yourself that it's not you, it's them."

 
Dollhouse

  Conheci a Melanie por essa música, que costuma ser a favorita das pessoas (e com toda a razão). A canção fala sobre a vida familiar da Crybaby, que é cheia de problemas internamente, mas que se exibem enquanto a melhor e mais feliz família possível. A marcação temporal regular no funda da música encaixa muito bem com a crítica dessa perfeição e constância inexistência.
  Ah! Atenção a parte do "one day we'll see what goes down in the kitchen".

"Places, places, get in your places. Throw on your dress and put on your doll faces. Everyone thinks that we're perfect. Please, don't let them look through the curtains. Picture, picture, smile for the Picture. Pose with your brother, won't you be a good sister? Everyone thinks that we're perfect. Please, don't let them look through the curtains. D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees."
 

 
Sippy Cup

  Nessa música, nós vemos o que aconteceu na cozinha, exatamente como a persona promete na música anterior. Também segue a linha do "tentar esconder algo não o torna menos real".
 
"All the makeup in the world won't make you less insecure."
 
 
 
Carousel
 
  Começando com sons similares aos antigos estilos de músicas que tocavam em circos, a música fala sobre o primeiro amor da Crybaby.

" Chasing after you is like a fairytale, but I feel like I'm glued on tight to this carousel."
 
 
 
Alphabet Boy
 
  A princípio parece bem engraçadinha, porque os sons são como os de vozes bonecas. Mas depois, vai ficar o tempo todo em sua cabeça (ah-ah-ah-bo-bo-bo-bo). De qualquer forma, a Crybaby mostra a sua frustração com o "Alphabet Boy", que é o mesmo sobre quem ela fala em Carousel. Quem já viveu algo parecido - um relacionamento onde o outro acha que está sobre você porque supostamente sabe mais - costuma gostar bastante dessa faixa do álbum.
 
"I know my A-B-C's yet you keep teaching me. I say fuck your degree, Alphabet boy."
 
 
Soap
 
  Neste Single, a persona expressa seu arrependimento em relação a coisas que disse, ou até mesmo o desperdício de seus esforços em tentar se manifestar. O clipe ficou bem diferente do estilo dos outros, com mais efeitos, mais confusão mental. E o som das bolhinhas de sabão fazem totalmente a diferença.
 
"I feel it coming out my throat, guess I better wash my mouth out with soap. God, I wish I never spoke. Now I gotta wash my mouth out with soap."
 
 
 
Training Wheels
 
  Essa é a produção mais fofa do álbum, cheia de romantismo e embalada com o som de uma caixinha de música.
 
"I love everything you do, when you call me fucking dumb for the stupid shit I do. I wanna ride my bike with you, fully undressed, no training wheels left for you. I'll pull them off for you."
 
 
 
Pity Party
 
  Essa é uma das minhas favoritas. A fotografia do videoclipe é linda demais e consegue entreter mesmo que não aconteça muita coisa. A narrativa é simples, mas conquista. A Crybaby faz uma festa de aniversário com todo o seu empenho, e ninguém, inclusive seu Alphabet Boy, vai.
 
"Did my invitations disappear? Why'd I put my heart on every cursive letter? Tell me why the hell no one is here, tell me what to do to make it all feel better."
 
 
 
Tag, You're It
 
  A partir daqui a vida da Crybaby muda completamente, pois que "os lobos estão a solta" e um deles a captura. Essa é viciante de verdade.
 
"Can anybody hear me? I'm hidden under ground! Can anybody hear me? Am I talking to myself?"
 
 
 
Milk And Cookies
 
  A contagem nessa música é sensacional! Os toques de ironia misturados com inocência é assustadoramente encantador. A história da canção é sobre o dia em que a persona envenena o "lobo" que a capturou na base de leite e biscoitos.


"Do you like my cookies? They're made just for you. A little bit of sugar, but a lot of poison too. Ashes,ashes, time to go down. Oooh honey, do you want me now? Can't take it anymore, need to put you to bed, sing you a lullaby where you die at the end."
 
 
 
I’m so disappointed. Tonight I got my purse stolen from backstage. I had my passport in there, my card, personal shit from my parents, etc. not only is this illegal, but the fact that whoever took it, did it because they look at it as some sort of twisted “souvenir”, makes me SICK. I hate this internet age we live in too, because I reach out on Twitter trying to find who took my purse and all you write is “mom” “Queen” “follow me”. How is that normal?! How is that okay? How do you sleep at night? My friend gives his number out for anyone who might have any info, and people call laughing, asking if they could talk to me, lying saying they have my purse and will give it back if I get their tweet to 2,000 favorites. Really? 
I don’t know how else to say this. I’m sick of artists feeling too scared to speak up on this issue. Just because I make music, doesn’t mean you have the right to dehumanize me. You bully me, you judge me, you call me a bitch If I’m having a bad day, the list goes on and on. I work my ass off for you, I give so much of myself to you, and i go broke to create for you. 
Remember that I am a human. The fact that I was talking to another friend of mine who is an artist and she said that if we were bleeding on the sidewalk, people would probably take a selfie before helping us, is a problem. No human should feel this way. Please understand that I make music to express myself, and if you know anything about me you know that I’m nothing but honest. I love everyone who supports me and my music, and I appreciate it. But after tonight there was no way that I couldn’t speak up about this issue.Pacify Her
 
  Depois de suas experiências, a persona deixa de acreditar no amor. Então, ela deixa de se importar com o fato de destruir relacionamentos, e simplesmente fica com quem quiser.
 
"Someone told me stay away from things that aren't yours. But was he yours if he wanted me so bad?"
 
 
 
Mrs. Potato Head
 
  Essa música já foca na crítica à exigência midiática e social quanto à necessidade do amor e adoração das pessoas baseada na beleza.
 
"Kids forever, kids forever! Baby, soft skin turns into leather. Don't be dramatic it's only some plastic. No one will love you if you're unattractive."
 
 
 
Mad Hatter
 
  Finalmente, a Crybaby consegue se entender e aceitar. Autodenomina-se louca e fecha assim a primeira parte de sua história.
 
"Where is my prescription? Doctor, doctor, please, listen! My brain, scattered! You can be Alice, I'll be the Mad Hatter."
 
 
Play Date
 
  A partir daqui começam as faixas extras, que, a princípio, não tem mais tanta relação com a história da persona. De toda forma, a canção parece bem fofinha, mas expressa a insatisfação da personagem com um relacionamento no qual a outra pessoa apenas brinca com ela.
 
"I don't give a fuck about you anyways whoever said I give a give shit about you! You never share your toys or communicate... I guess I'm just a play date to you."
 
 
 
Teddy Bear

 
  Nessa música, a personagem fala sobre um relacionamento que começa muito bem, mas que acaba caminhando por uma estrada violenta.
 
"Teddy bear, You were my Teddy Bear! Everything was so sweet until you tried to kill me."
 
 
Cake
 
  Essa é tão boa que faz a gente desejar que estivesse no álbum comum - mas tentemos compreender que não é tão relacionado com a história assim para isso. Enfim, a música fala sobre a reação de uma personagem que em descartada e tratada como um pedaço de bolo, por exemplo.
 
"If I'm just a piece of cake, I'm just a piece of cake, then you're just a piece of meat, you're just a piece of meat to me."

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

1984


 
  Não tenho coragem de chamar de resenha. Breves impressões, apenas.
  Sempre tive interesse em lê-lo mesmo sem saber muito bem do que se tratava. Eu tinha em mente apenas que era um livro bom e importante. Na primeira oportunidade, um amigo me emprestou. Para quê, Senhor?! Para quê?! Acabou comigo. Fim.
  A narrativa mostra as experiências de Winston, um homem de quase meia idade que vive em uma realidade pós-guerra. Depois desse acontecimento, o mundo se divide em três países: a Oceânia, Eusrásia e Eustásia. Ele faz parte do Partido, que é totalitário e tem como figura representante o Grande Irmão. Câmeras vigiam todo o país, com exceção de alguns lugares esquecidos entre os proletas e lugares no "meio do nada". A Nação tem a economia planificada e a vida absolutamente controlada e manipulada pelo Partido. Inclusive a própria linguagem do povo, que seria então adaptada para a Novafala, onde o vocabulário, assim como o pensamento das pessoas, é reduzido. A grande questão relacionada a Winston é quando ele começa a discordar desse sistema e, junto a Julia, tomar iniciativas para sua derrubada.
  O leitor é contaminado pelos sentimentos do personagem principal, e sente receio e ansiedade o tempo todo. E quando tudo dá errado, a manipulação mental feita em Winston é assustadora! Faz você pensar em seus medos e até mesmo se perder em seus próprios pensamentos: até que ponto eles são seus? O que é verdade ou não? Por que resistir? (Que algum bom professor de filosofia me explique como eles fazem isso, por favor!) E o final é destruidor! A decepção, o medo, a frustração.
  A leitura foi prolongada porque eu não tive emocional para ler tudo de uma vez. Esse é o livro mais perturbador que li até agora. A sensação de impotência diante de uma realidade alternativa... Como isso é possível?!
  George Orwell, o senhor é destruidor mesmo, hein?!
 
 
OBS1: Não pensem que George era anticomunistas, ele é contra o totalitarismo e a tirania.
 
OBS2: Não imaginem Winston enquanto uma pessoa que você gosta ou admira. Isso vai tornar tudo pior.
 
OBS3: Não morra sem ler esse livro.

sábado, 12 de setembro de 2015

Resenhas de Vidas Secas e Infância

  Selecionei duas obras da obra de Graciliano Ramos para terminar de ler em agosto. Leitura feita, vamos às resenhas.
 
 
 
Vidas Secas
 
  A obra é literalmente seca. Marcada de um regionalismo duro e um tanto animalizado. As falas são quase todas resmungos e sons animalescos, e o discurso indireto livre mostra a simplicidade de seus pensamentos. A personagem mais humanizada é justamente Baleia, a cadela responsável pela catarse da obra. Fabiano é bitolado com soldados e "macheza"; Sinhá Vitória vive a sonhar com um colchão; e menino mais novo quer ser como o pai e o mais velho é curioso e tem mais sentimentalismos que todos na família juntos. É um tanto generalizador e brutal, mas não é como se o autor da segunda geração modernista avaliasse com olhos externos à situação, a partir do momento em que Graciliano passou sua infância no Sertão nordestino.
 
 
 
 
 
 
Infância
 
  É uma autobiografia um tanto enevoada e muito infeliz. A infância foi cheia de violências, nada fácil. A leitura também não é para entreter: é dura. Apesar de ter lido apenas duas obras do autor, creio que talvez essa seja a marca para os livros de Graciliano: a dureza da realidade literária.
  Li-o devido a um trabalho de escola e tive de fazer um ensaio sobre a Violência e a Justiça relacionado a ele, o que foi complicado devido a complexidade e o peso do material, mas foi uma experiência enriquecedora. A maioria gritante de meus colegas de turma não gostou do livro. Não posso dizer que seja meu favorito, mas é uma obra importantíssima. Não recomendo em momentos de peso emocional, é claro, mas é algo a ser lido respeitavelmente.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

#BienalRio 2015 - Minhas experiências

 


Esse é o nosso mural de mensagens na sala dos autores. Esperamos que até o dia 13 de setembro ele fique repleto de mensagens positivas! #BienalRio


 
  Até agora, fui ao evento duas maravilhosas vezes e está tudo tão incrível que me senti em casa. A cada ano (ou "biano") que passa, a Bienal do Livro fica um pouquinho mais organizada. É claro que ainda há suas pequenas confusões, mas isso é sempre algo a se corrigir nos outros anos. De qualquer forma, vou falar um pouco sobre as minhas experiências por lá esse ano para que, de alguma forma, você não se sinta tão perdido.
  Primeiro, eu fui em um final de semana para encontrar um dos meus autores favoritos, Eduardo Spohr. Mas, antes disso, havia a necessidade de se passar na distribuição de senhas (que fica na praça central de frente para o Pavilhão Azul). A distribuição começaria às 12h, mas resolvi aparecer por lá umas 11h para me situar e fiquei por lá mesmo, até porque a fila já estava enorme! Depois de pegar a senha, fui a um bate-papo com o autor na Conexão Jovem (Auditório Madureira, Pavilhão Verde), onde os fãs faziam perguntas ao autor, e onde ele nos forneceu um folheto (perfeito, diga-se de passagem) com o prólogo e os dois primeiros capítulos de seu próximo livro: Paraíso Perdido. Por fim, fui para a fila dos autógrafos e tive prioridade, pois que eu tinha a senha. Então, finalmente, peguei o autógrafo, tirei uma foto e ainda tive a oportunidade de falar com o Eduardo, que é um amor de pessoa e super atencioso! <3
   Nessa visitação, meu dia girou em torno do Eduardo, porque fiquei umas três horas em filas e as passagens nos estandes foi bem rápida - levei apenas quatro livros. Mas valeu muito a pena e eu nem ao menos senti o tempo passar!
   Na segunda visita ao evento, fui na intenção de comprar, passear e fotografar. Por ter como homenageados a Argentina e o Maurício de Souza, a decoração ficou bem caprichada. Aliás, boa parte dos estandes foram feitos com ajuda de arquitetos - que trabalharam muito bem, por sinal. Nesse dia, tive um saldo de nove livros. Mas não se deixem levar pela euforia e tentem pesquisar os preços antes de comprar por lá, porque muitos estandes aumentam o preço do livro e depois dão um "desconto" para o preço da obra voltar ao valor normal. Mas também há estandes muito bons que oferecem promoções de cinco ou dez reais. Nesses é um pouco mais difícil achar um best seller, mas pode haver aquele achado precioso. Uma estratégia razoável de compra é estipular um valor máximo - por exemplo, R$40,00, e, então você compra apenas um livro a esse preço e depois só compra livros a preços mais baixos.
 
 
Hoje tem início a maior festa da literatura nacional. Fiquem atentos as nossas redes, organizem o roteiro de visita e estejam conosco. Esperamos por vocês! #BienalRio #EuAmoLer
 
 
  Finalmente, segue uma lista dos meus queridos livros obtidos nesse Evento Maravilhoso.
 
1. O Corcunda de Notre Dame - Victor Hugo
2. Guia Ilustrado Zahar Ópera - Alan Riding, Leslie Dunton-Downer
3. O Retorno do Jovem Príncipe - Roemmers
4. Despertar - Amanda Hocking
5. O Mágico de Oz - L. Frank Baum
6. Rei Arthur - Howard Pyle
7. A Sociedade do Anel - Tolkien
8. As Duas Torres - Tolkien
9. O Retorno do Rei - Tolkien
10. O Grande Gatsby - Fitzgerald
11. O Pequeno Príncipe (A História do Filme)
12. Aprendendo com Peter Pan (eu gosto de coisas infantis e eu coleciono coisas do Peter Pan e do Pequeno Príncipe)
13. Sereia Spirulina e suas Mágicas Aventuras - O Resgate da Baleia (para ler com minha irmã mais nova <3 )

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

#BienalRio 2015 - Sobre o evento e algumas recomendações

Bienal do Livro - Rio
  Até dia 13 desse mês ainda é dia de Bienal! E se você ainda não foi e não quer chegar lá perdido, é só dar uma olhadinha no site e também nessas recomendações daqui. Espero que ajude e bom evento! ;)
 
Uma breve avaliação do evento.
Pontos Fortes                                                                  
- Número de atendentes nas bilheterias;                            
- Promoções do Pavilhão Laranja;                                     
- Estandes do Pavilhão Azul;                                           
- Site informativo;                                                             
- Eventos e encontro com autores;                                      
- Decoração.                                                                       

Pontos Fracos
- Organização de algumas filas;
 - "Promoções" de alguns estandes;
 - Funcionários pouco preparados;
 - Preço e qualidade da alimentação;
 - Apenas um ponto de encontro oficial (Pavilhão Verde).

  E, final e resumidamente, as dicas para quem ainda vai no evento.
1. Se você vai encontrar algum autor:
  1.1- Siga-o nas redes sociais e confira no site do evento as datas, horários e localizações;
  1.2- Leve os livros nos quais você deseja os autógrafos, pois algumas editoras só permitem autógrafos neles;
  1.3- Chegue com antecedência nos locais.
2. Evite levar coisas de valor que não vão ter utilidade por lá;
3. Marque pontos de encontro com as pessoas;
4. Leve comida de casa se não quer perder tempo nas filas da comida;
5. Há bebedouros por lá, mas levar uma garrafa d'água é bem mais prático;
6. Use roupas confortáveis;
7. Leve uma canga ou paninho para se sentar no gramado do lado de fora, por exemplo;
8. Estabeleça metas do que comprar e fazer para que a euforia não te faça sair de lá sem ter feito nada do que queria;
9. Confira com calma como se chega ao local;
10. Pegue o mapa do evento em um bloco de informações assim que chegar lá.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Poesia da Semana #10

Ahasverus e o Gênio
Castro Alves
 
Chris Mann as the Phantom in the Phantom of the Opera North American restaged tour (2014/2015)
 
 
Sabes quem foi Ahasverus?... - o precito,
O mísero Judeu, que tinha escrito
          Na fronte o selo atroz!
Eterno viajor da eterna senda...
Espantado a fugir de tenda em tenda,
Fugindo embalde à vingadora voz!
 
Misérrimo! Correu o mundo inteiro,
E no mundo tão grande... o forasteiro
           Não teve onde... pousar.
Co'a mão vazia - viu a terra cheia.
O deserto negou-lhe - o grão de areia,
A gota d'água - rejeitou-lhe o mar.
 
D'Ásia as florestas lhe negaram a sombra.
A savana sem fim - negou-lhe alfombra.
            O chão negou-lhe o pó!...
Tabas, serralhos, tendas e solares...
Ninguém lhe abriu a porta de seus lares
             E o triste seguiu só.
 
Viu povos de mil climas, viu mil raças,
E não pôde entre tantas populaças
          Beijar uma só mão...
Desde a virgem do Norte à de Sevilhas,
Desde a inglesa à crioula das Antilhas
           Não teve um coração!...
 
E caminhou!... E as tribos se afastavam
E as mulheres tremendo murmuravam
           Com respeito e pavor.
Ai! Fazia tremer do vale à serra...
Ele que só pedia sobre a terra
            - Silêncio, paz e amor! -
 
No entanto à noite, se o Hebreu passava,
Um murmúrio de inveja se elevava,
Desde a flor da campina ao colibri.
"Ele não morre", a multidão dizia...
E o precito consigo respondia:
         - "Ai! mas nunca vivi!" -
 
 
 
O Gênio é como Ahasverus... solitário
A marchar, a marchar o itinerário
            Sem termo do existir.
Invejado! a invejar os invejosos.
Vendo a sombra dos álamos frondosos...
E sempre a caminhar... sempre a seguir...
 
Pede u'a mão de amigo - dão-lhe palmas:
Pede um beijo de amor - e as outras almas
           Fogem pasmas de si.
E o mísero de glória em glória corre...
Mas quando a terra diz: - "Ele não morre"
Responde o desgraçado: - "Eu não vivi!..."

sábado, 5 de setembro de 2015

As Vinhas da Ira








  Como diz o ditado "In Tatiana Feltrin, we trust", mais uma vez, não me decepcionei com a recomendação da mãe dos canais literários. Não é para menos que a obra foi vencedora do prêmio Pullitzer.
  Resumidamente, a produção literária narra a história da família Joad, que perde a posse de sua fazenda para o banco e se vê em uma longa jornada par a Califórnia, em uma nova marcha para o Oeste, em busca de emprego. Entretanto, quando chegam lá, percebem que as coisas não são tão fáceis assim. Os capítulos se intercalam entre a história dos Joad e pensamentos do narrador, que aborda mais o contexto geral da situação.
  Quanto aos personagens, apesar de seguirem muito o estereótipo dos homens e mulheres do interior, há certa originalidade que faz com que o leitor se apegue a pelo menos um deles. Tom acabou de sair da cadeia, mas continua não conseguindo levar desaforo para casa. Al só quer saber de moças e carros. Rosasharn só pensa em seu marido e seu bebê, mostrando-se até mesmo mimada. Avô e Avó só sabem brigar e são completamente opostos. Tio John divide seu tempo em beber e choramingar pelos seus pecados. Casy é um filósofo disfarçado. As crianças são quase bichinhos selvagens. Pai é um homem afetado por toda aquela mudança, na qual sente que perdeu seu papel. E Mãe é a base da família. A jornada deles quase faz com que o leitor se sinta parte deles, pois que se cansa com eles, sente esperança junto a eles. O amadurecimento dos personagens também é algo impressionante, e o exemplo mais claro disso é o de Rosasharn.
  O livro de Steinbeck tem um apelo social muito grande, e é muito tocante perceber a crueldade do "homem rico" sobre o "homem pobre", fato que se repete por tantos milênios. Você vê eles se desdobrarem por um pedaço de terra, um pedaço de pão. Você vê a família se desfazer em nome da sobrevivência.
 
 
 
  Trechos do Livro:
 
 
Driving along old Route 66 you see abandon cars like this in New Mexico, left over from The Great Depression John Steinbeck wrote about in "The Grapes of Wrath."- "Guia o pessoal para onde quiser, mergulha eles na vala de irrigação. Diga que vão todos pro inferno se não pensarem como o senhor. Basta guiar o pessoal, não precisa levar eles pra nenhum lugar determinado."
 
- "Mas, olha, um banco ou uma companhia não podem viver assim, porque estas criaturas não respiram ar, nem comem carne. Eles respiram lucros e alimentam-se de juros."
 
- "Como poderemos viver sem tudo isto que representa a nossa vida? Como poderemos viver sem tudo isso que recorda o nosso passado? Não, deixe tudo. Queime tudo."
 
- "E o mundo inteiro, para ela, estava grávido - pois ela só pensava em gravidez, nas funções da reprodução da espécie e na maternidade."
 
- "A questão não é saber se podemos; a questão é saber se queremos. Quanto a poder, acho que não podemos; mas quanto a querer, a gente querendo faz o que pode." (Mãe)
 
- "Mas o homem da máquina, fazendo rodar um trator morto atrás das terras que ele não amam nem conhece, entende somente de química, desdenha a terra e desdenha a si próprio."
 
- "Tenha-se medo da hora em que o homem não mais queira sofrer e morrer por um ideal, pois que esta é a qualidade-base da Humanidade, é a que o distingue entre tudo no universo."
 
- "Tudo que nos resta é a família, é a nossa união. Não tenho medo de nada, enquanto estivermos todos juntos. Não quero que a gente se separe." (Mãe)
 
- "Sonhos fritos na banha, quando o dinheiro era curto, sonhos tostados e untados com molho."
 
 
Road trip ideas (Picture: Route 66 at Oatman, Arizona during the Grapes of Wrath road trip)
 
 
- "Quando alguém acha graça, tudo para ele é igual; mas quando alguém se sente sozinho e velho, e desconsolado... aí tem medo de morrer." (Casy)
 
- "Se ele precisa de um milhão de acres para se sentir rico é porque ele se sente interiormente danado de pobre, e se ele se sente pobre por dentro não é um milhão de acres que vai fazê-lo sentir-se rico." (Casy)
 
- "Se alguém não tem nada a perder, não precisa rer muita coragem." (Tom)
 
- "Bem, todos acharam que foi um descuido, mas se você pensa que foi pecado, então é porque foi pecado. Pecado é uma coisa que a gente mesmo cria." (Casy)
 
 
-"Ela é uma mulher tão cheia de amor... ela me assusta. Palavra que ela me mete medo." (Casy)
 
- "Eles eram famintos e ferozes. E tinham tido a esperança de encontrar um lar, e só encontraram ódio."
 
- "E, enquanto os californianos desejavam muitas coisas, acumular riquezas, sucesso social, diversões, luxo e uma curiosa segurança bancária, os novos bárbaros só desejavam duas coisas: terra e comida; e para eles as duas coisas se fundiam numa só."
 
- "Morte e terror não os detinham. Como se pode incutir medo em um homem que sente fome não apenas em seu estômago, mas também na barriga torturada dos filhos?"
 
- "Eles não fazem cerimônias contigo. Tu não tem nome nem dinheiro. Vão te encontrar num fosso da estrada, com o sangue já seco na boca e no nariz. Aí, aparece uma só linha no jornal; sabe o que diz? 'Vagabundo encontrado morto'. E só."
 
The Grapes of Wrath III- "É por isso que vivo pensando. Escuto o pessoal falar, e logo ouço o que o pessoal sente. Passo assim o tempo todo. Ouço eles e sinto eles; e eles vivem batendo as asas como pássaros. E quebram as asas numa janela cheia de pó por onde querem escapar." (Casy)
 
- "Não sirvo pra nada, nem pra mim, nem pra ninguém. Já pensei que deveria ir-me embora, sozinho. Só vivo comendo a comida de vocês e tomando o lugar de vocês. E não posso dar nada a vocês em troca." (Casy)
 
- "Precisou sempre juntar três regimentos para bater cem homens de coragem. Sempre foi assim."
 
- "Tu já viu um faisão, firme, lindo, com as pernas tão pintadinhas e até os olhos parecendo pintadinhos? Pois bem, tu levanta a arma e... pum! estragou a coisa mais bonita que tu já viu. Estragou uma coisa que era melhor que tu mesmo. E quando tu começa a comer ele, sente mau gosto, porque tu sente que estragou uma coisa que nunca mais pode consertar."
 
- "As estrelas tão pertinho da gente, e a tristeza, e o prazer tão perto um do outro, a mesma coisa no fundo."
 
- "Há um crime nisso tudo, que não foi denunciado. Há uma tristeza nisso, que o pranto não pode simbolizar. Há um fracasso nisso que opõe barreiras ante todos os sucessos."
 
- "O homem vive saltando degraus... Nasce uma criança e morre um homem, e casa vez que isso acontece é um salto nos degraus da vida... Ele arranja uma fazendinha e perde uma fazendinha, e isso são também saltos. Para a mulher, tudo corre sem parar, que nem um rio; cheio de redemoinhos e turbilhão e pequenas cachoeiras, mas correndo sem parar. É assim que a mulher encara a vida. A gente não se entrega, a gente continua... muda, talvez, um pouco, mas continua sempre firme."

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Conclusão da #MLI2015

summer | Tumblr


  Depois de mais de um mês de maratona de inverno terminada, eu finalmente trago o post de conclusão. Falta de tempo é determinante, vocês sabem. Mas esse atraso todo é até bom que eu mato as saudades do meu flop. Sim, fiquei toda positiva, mas no final, flopei sim. Mas chega de conversa, vamos ao que interessa.
 
 
Desafios
 
- Um Livro Com figuras ou ilustrações
  Amizade.  Comecei com ele por ser finíssimo, leve e puro amor. Afinal de contas, O Pequeno Príncipe é tudo de bom. OK
 
- Comece e/ou termine uma série, trilogia ou duologia.
  Tentei dar andamento na leitura de A Tormenta das Espadas, mas só consegui adiantar umas cem páginas. FLOP
 
 
- Um livro que alguém escolheu por você
  Minha mãe sempre me recomendou Vidas Secas. Quando a maratona terminou, faltavam apenas dois capítulos para que eu terminasse de ler, então... 3/4 de OK
 
- Um Livro com a capa Azul
  E a releitura atenta e cheia de amor de Peter Pan ficou pela metade. :( 1/2 FLOP
 
- Um livro que você ganhou
  O fininho e cheio de clichês Washington Square foi lido. OK
 
- Um livro do gênero que você menos leu ano passado e Um livro com mais de 400 páginas
  Terminei a distopia 1984 e que livro marcante! Um dos grandes sucessos dessa maratona. SUPER OK
 
  Apesar de tudo, não foi tão ruim. Ainda assim, ficou muito claro que minhas maratonas são mais para desatraso do que para leituras completas. Sem demais, veremos como será o desempenho na próxima maratona. :)

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